A ascensão do surfe
Por Henrique Pinheiro, médico do esporte do IME
O surfe envolve várias atividades - remar, se manter em cima da prancha, pegar onda, nadar, ficar em apneia, remadas de baixa intensidade intercaladas com sprints de alta intensidade com curto período de recuperação; além de depender de desafios ambientais como velocidade do vento, altura das ondas, correntes marítimas, temperatura da água e do ambiente.
O surfista necessita ter um excelente condicionamento cardiorrespiratório, endurance muscular e considerável potência anaeróbica, esta última a determinante mais importante do desempenho. Para melhor performance o treinamento deve ser focado em métodos para desenvolver a capacidade anaeróbica. Com o treino correto o organismo se acostuma e desenvolve habilidades para realizar bem explosões e suportar um esforço intenso em alguns minutos seguidos. Por isso, a alimentação do atleta e o uso de suplementos esportivos precisam atender estas demandas específicas. A hidratação e o aporte energético durante a atividade física também são fundamentais.
Em relação às lesões é importante estar atento e realizar um trabalho preventivo. Podem ocorrer lacerações, contusões, entorses e distensões articulares, lesões musculares, concussão e fraturas, estas menos comuns. As regiões mais frequentemente atingidas são cabeça, tornozelo, joelho, lombar, mão e punho e ombro e cotovelo. Além disso lesões por sobrecarga e esforço repetitivo também ocorrem e podem ser evitadas. Alguns testes de triagem como o FMS detectam alterações biomecânicas que são relevantes ao surfe e orientam o trabalho de prevenção e fortalecimento muscular, o que também melhorará o desempenho físico.
O treinamento físico deve incluir ganho de força nos membros inferiores e do tronco superior; exercícios de propriocepção, agilidade e técnica; pliometria e core são fundamentais. É importante manter a boa flexibilidade especialmente da coluna, dos ombros e dos tornozelos. O treinamento pode envolver estas atividades em terra que podem ser realizadas em academias, ao ar livre em treinos funcionais e também na piscina, principalmente para os iniciantes.
O surfista não pode esquecer de estar com a saúde em dia. Uma consulta com um médico do esporte verifica como está o coração, o pulmão e o sistema musculoesquelético, por exemplo. Por ser atividade de risco, algumas patologias precisam estar sob controle, como a epilepsia. Exames bioquímicos e hematológicos auxiliam no check-up médico desportivo e em pontos possíveis de melhorar o rendimento.