Exercícios em jejum
Por Luan Ferrari, educador físico
Após jejum prolongado há redução das reservas de carboidrato com consequente aumento da queima de gorduras. A partir deste fato, algumas pessoas passaram a se exercitar em jejum para aumentar ainda mais a utilização dos lipídeos. No entanto, a relevância dessa prática para perda de gordura é altamente questionável.
Arkinstall et al. (2001) avaliaram a resposta metabólica durante uma hora de ciclismo seguida de mais uma hora de corrida, realizados após 12-14 horas de jejum ou com ingestão de carboidratos. Os resultados não revelaram diferenças na queima de gorduras no decorrer da corrida e somente pequenas diferenças a favor do jejum durante o ciclismo, que aparecem apenas nas avalições realizadas aos 10 e 60 minutos de atividade.
Para quantificar o impacto da ingestão de carboidratos na inibição da liberação de gordura para fornecer energia durante o exercício, Horowitz et al. (1999) comparou a oxidação de gorduras de seis indivíduos moderadamente treinados ao longo de 2 horas de ciclismo de intensidade leve ou moderada. Os resultados revelaram que a taxa de oxidação de gordura em jejum só foi maior que nas demais situações após 80 a 90 minutos de exercício de intensidade leve. Em intensidade moderada, que normalmente é a usada, não houve diferenças na oxidação de gordura. Ou seja, houve maior “quebra” de gordura, mas não houve mais “queima”.
O fato de o jejum induzir a liberação de gordura para fornecimento energia sem aumentar a oxidação de gordura sugere que a quantidade de ácidos graxos liberados é superior a capacidade do corpo em oxidá-los. Isso indica que a ingestão de carboidratos antes e durante o exercício pode inibir a liberação de gorduras, mas não limita a taxa de oxidação de gorduras. Devemos lembrar que o processo de oxidação da gordura proveniente do tecido adiposo subcutâneo depende dessa taxa de liberação de gorduras para fornecer energia e da capacidade de transporte dos ácidos graxos livres (AGL) pelo plasma (Curi et al, 2003), portanto, maior liberação para o sangue não significa necessariamente maior queima.
Apesar do jejum e da restrição calórica serem comumente utilizados na tentativa de controle (Bhutani et al, 2013; Varady et al, 2013), Desouza et al (2010) afirmam que eventos hipoglicêmicos podem estimular a produção de vários marcadores inflamatórios relacionados a tumores, incluindo a proteína C-reativa, interleucina-6 e 8. Além disso, a secreção de adrenalina observada nessa situação pode induzir arritmias e aumento da sobrecarga cardíaca, resultando em problemas cardiovasculares.
Inúmeros estudos estão mostrando a ineficiência deste método de aeróbico contínuo de baixa a moderada intensidade, há riscos fornecidos pela atividade em jejum, motivo pelo qual essa prática não é recomendada para quem deseja obter melhorias na composição corporal de maneira eficiente e saudável.
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