OS BENEFÍCIOS DO SURF PARA A SAÚDE

A origem do surf é incerta e pode ser remetida ao século 18, em algumas ilhas do Pacífico, especificamente as da Polinésia central. Para voltar à terra firme após a pesca, os nativos deslizavam sobre as ondas para adquirir maior rapidez. Essa prática se estendeu ao Havaí, permanecendo por muitos anos restrita à realeza local. No contexto havaiano, o surf era praticado como ritual de oferenda e agradecimento pelos coqueiros e seus frutos. No início do século 20, o ex-nadador olímpico havaiano Duke Kahanamoku, medalhista de ouro em Estocolmo em 1912, que sempre levava sua prancha ao competir em diferentes locais, foi o responsável pela divulgação do esporte para o mundo.
Em nosso país, o surf chegou na década de 30, porém o seu reconhecimento como esporte pela Confederação Brasileira de Desportos deu-se somente no ano de 1988, após a realização do primeiro campeonato brasileiro de surf. A evolução e expansão do esporte aconteceu de maneira muito intensa, e hoje, de acordo com a Confederação Brasileira de Surf, o Brasil conta com aproximadamente 3 milhões de praticantes.
Ao redor do globo, o surf movimenta milhões de dólares no mercado internacional e recentemente foi aprovado no Comitê Olímpico Internacional (COI) para ser incluído como modalidade olímpica nas Olimpíadas de 2020. É praticado por mais de 17 milhões de pessoas em mais de 70 países.
Em termos de saúde, qual é o benefício para os atletas, amadores ou profissionais, que se dispõem a desbravar praias e ondas e se mostram tão apaixonados por este esporte? Como exercício, o surf é completo e proporciona excelente condicionamento físico, força e resistência, sendo considerado um esporte misto: aeróbico e anaeróbico. Uma de suas características, pela qual é considerado um esporte ”ingrato”, é o fato de o surfista passar muito mais tempo remando do que propriamente em cima da prancha, que é o intuito principal do surf. De acordo com a habilidade de cada praticante, o tempo que o atleta fica em pé na prancha pode variar de 1%, para principiantes, a 15%, para profissionais experientes. Tais números também variam conforme a quantidade de atletas na água na mesma sessão, o tamanho e o grau de dificuldade da onda, a distância da praia à arrebentação, o tipo de equipamento, entre outros.
Porém como exercício, tal “ingratidão” não se confirma, pois já na remada após a entrada no mar, tem início a atividade física exigida na prática do surf.  Os movimentos de braçadas ritmadas compõem uma atividade aeróbica semelhante à natação, com elevação de frequência cardíaca e movimentos respiratórios; a tensão na musculatura paravertebral, juntamente com os músculos abdominais, mantém a coluna ereta e a cabeça erguida, proporcionando exercícios de isometria nessa musculatura. Tal atividade é intercalada periodicamente por picos de exercício anaeróbico puro, muitas vezes associado a apneia. Isso se dá através de remada muito intensa e batidas de pé na água de forma a aumentar a velocidade de deslocamento, com grande explosão muscular, como por exemplo para a entrada na onda ou para evitar que uma onda quebre bem em frente ao surfista na volta para o posto de descanso, na arrebentação. Esse ”descanso”, quando o atleta fica sentado em sua prancha aguardando a chegada da série de ondas, também exige atividades de movimentação dos membros inferiores submersos e de músculos abdominais e dorsais fora d`água, que juntamente com o auxílio de fibras proprioceptivas  mantêm o equilíbrio do indivíduo sentado sobre a prancha numa superfície ondulada e instável.
Referindo-se ao ato de surfar propriamente dito, quando o indivíduo pega uma onda, o stress muscular a que são submetidos diversos grupos musculares abdominais, torácicos, dorsais, de ombros, membros superiores e inferiores corresponde a uma atividade física anaeróbica intensa. Isso dura invariavelmente menos de um minuto, até a queda do surfista ou sua saída da onda.