Overtraining
Por Henrique Pinheiro, médico do esporte do IME
A síndrome do excesso de treinamento, ou overtraining, tem uma grande relevância no âmbito esportivo, principalmente em atletas de elite que buscam superar seus limites e também aqueles que se submetem à prática de atividade física sem orientação especializada. É uma síndrome que causa fadiga excessiva persistente, prejuízo da performance, alteração do humor, doenças recorrentes (especialmente infecções de vias aéreas superiores e resfriados) e alterações neuroendócrinas. Ocorre quando o treinamento é excessivo e não está adequado, com períodos diminuídos ou até ausentes de recuperação e com aporte nutricional insuficiente.
O atleta inicialmente tem alterações do humor, do sono, do apetite, e com o decorrer da síndrome poderá ter alterações hormonais e da frequência cardíaca em repouso e em esforço, variações do lactato em repouso e esforço, redução da ferritina, dores musculares, perda de massa muscular e aumento da gordura corporal. O desempenho esportivo cai e o atleta tem prejuízo da sua performance em treinos e competições. Classicamente há alterações do cortisol e da testosterona total, sendo o tipo mais comum com aumento do cortisol e diminuição da testosterona do atleta.
Outros instrumentos têm se mostrado úteis no diagnóstico e acompanhamento dos esportistas, como o teste de esforço cardiopulmonar, o uso de escalas de humor e a análise do diário do atleta. A análise da variabilidade da frequência cardíaca está sendo muito debatida recentemente e pode auxiliar no controle do overtraining, quando se observam alterações do sistema nervoso simpático e parassimpático.
A recomendação na suspeita da síndrome de overtraining é que o esportista procure auxílio do médico do esporte para adequado diagnóstico e tratamento. Entre as medidas terapêuticas estão o controle da recuperação, do treinamento desportivo, do sono e do uso de suplementação adequada.